Há poucos anos, o Fórum Econômico Mundial fez uma pesquisa com 350 executivos de 9 indústrias nas 15 principais economias mundiais, tentando entender o futuro do trabalho. O relatório é todo interessante, mas queremos destacar aqui uma parte em específico, em que eles apontam um ranking das 10 principais habilidades que serão imprescindíveis em um profissional da década de 2020.
Os 10 skills passam por coisas como critcal thinking, flexibilidade cognitiva, inteligência emocional, criatividade… mas no topo da lista está “complex problem-solving”. Ao primeiro olhar, parece que estamos falando de tecnologia, que envolve alta engenharia, física etc. Porém, a habilidade de resolução de problemas – simples ou complexos, de tecnologia ou de ciências humanas, sociais ou mercadológicos – passa por uma mesma lógica. Uma forma de pensar ou de abordar questões, que faz com que tenhamos mais ou menos chance de resolvê-las.
Nesse contexto, o MIT criou um espécie de “guia” com 7 passos de um bom processo de problem-solving e nós trouxemos alguns aprendizados aqui para a mesa.
A primeira grande questão é ter clareza do que exatamente está tentando se resolver, de maneira específica, não apenas factual e aberta a diversas possibilidades. É importante definir uma questão que tenha um padrão de ação clara a partir dela e que possibilite clareza sobre que tipo de escolha os decisores terão que fazer em algum momento.
Outra questão fundamental é quebrar o grande problema em problemas menores, para que se possa entender melhor seus elementos, componentes. Eles partem do pressuposto que resolver questões menores é mais simples e que a soma das pequenas resoluções impactará no grande problema. Além do mais, isso ajuda na organização da equipe, que pode se dividir e ganhar produtividade. Aliás, esse é outro ponto batido o tempo todo: problemas se resolvem de forma coletiva. O uso de grupos é fundamental.
Do ponto de vista de processo de trabalho, o documento é muito incisivo em propor um modelo totalmente baseado em hipóteses, criticando a ideia de que o primeiro passo para resolver um problema é olhar para os dados. A ideia aqui é que, a partir da questão bem definida, é fundamental estabelecer hipóteses, para tentar compreender fraquezas, gaps ou oportunidades. A hipótese por natureza é um palpite educado daquilo que a equipe acredita ser verdade, muitas vezes apostando em conhecimento prévio de experts no assunto. Importante ressaltar que a hipótese pode ser um palpite educado, mas sua validação é completamente baseada em evidências, que é como o processo se segue.
Aliás, nesse quesito há dicas preciosíssimas também, sobre como devemos apelar para a simplicidade de análise [profundidade não tem a ver com levantar quilos de informação], como não é necessário ter precisão perfeita e sim suficiente e como devemos estar abertos a ver nossas hipóteses refutadas e não sofrer com isso – é do jogo.
Finalmente, vale a pena destacar algo sobre o final do processo, em que eles recomendam um grande processo de síntese, que pode ser caracterizado por três “so whats”. O que isso significa? O que isso significa para o cliente? O que o cliente faz a partir de tudo isso? É um bom jeito de pensar e colocar a possível complexidade da análise no chão, de forma “output-oriented”, como eles chamam.
Para encerrar, eles abordam algo crucial em todo esse processo, que é a comunicação da resolução do problema para os clientes. Ao resolvê-lo em si, a ideia é que se parta de dados, faça-se análises, uma boa síntese e se chegue na resolução. Na hora de comunicar isso para o outro, eles recomendam exatamente o contrário: foque na resolução, apresente uma boa síntese do seu raciocínio, aprofunde nas análises que levaram a isso e mostre os dados como suporte. É uma boa dica para evitar a popular “surra de dados” em apresentações de estratégia, que tentando demonstrar solidez, só confundem e cansam o espectador.
Recomendamos bastante a leitura do documento todo, que além de apresentar um framework aplicável, tem valor principalmente por estabelecer um mindset bem sólido para uma boa resolução de problemas. Fora que é todo ilustrado com cartoons bem divertidos 🙂