O valor do estrategista na era da AI

No mundo empresarial contemporâneo, a ascensão da inteligência artificial (IA) está redefinindo o modo como trabalhamos e fazemos negócios. Com algoritmos avançados e sistemas automatizados capazes de realizar tarefas complexas em um piscar de olhos, é natural questionar como isso afeta o papel do profissional de estratégia.

A presença da IA exige uma mudança de foco e uma redefinição do valor que esse profissional traz para a mesa. Neste novo contexto, a verdadeira contribuição do estrategista transcende a mera análise de informações, a qual pode ser eficientemente realizada por algoritmos avançados.

Com a IA capaz de lidar com tarefas analíticas de maneira rápida e eficiente, o estrategista moderno precisa se concentrar em áreas onde a máquina ainda não pode competir. Este artigo explora como a profissão de estrategista está se adaptando e redefinindo seu valor em um mundo onde a inteligência artificial é onipresente, destacando as habilidades essenciais que continuarão a ser fundamentais no ambiente de negócios em constante evolução.

 

 

Melhorar a capacidade de fazer perguntas

A habilidade de fazer perguntas certas sempre esteve no cerne da estratégia empresarial. No ambiente atual, onde a inteligência artificial (IA) desempenha um papel cada vez mais significativo, essa habilidade torna-se ainda mais crucial. A eficácia de qualquer ferramenta de IA depende intrinsecamente da qualidade das perguntas formuladas a ela. Por isso, é importante explorarmos a importância crítica de questionar de maneira eficaz na era da IA, mostrando como os estrategistas podem maximizar o potencial dos sistemas de IA para obter insights transformadores e resultados estratégicos.

Fazer boas perguntas não apenas direciona a IA na análise dos dados corretos, mas também estabelece o contexto e os limites dentro dos quais as soluções são geradas. Em um mundo dominado por algoritmos, a informação processada pela IA é limitada pelo input que recebe. Assim, definir a direção da investigação torna-se uma grande oportunidade para o estrategista moderno. Uma pergunta bem formulada pode, por exemplo, transformar uma simples análise de redução de custos em uma exploração de processos inovadores que melhorem a qualidade do serviço enquanto reduzem custos. Essa abordagem não apenas guia a análise para oportunidades de inovação, mas também propicia soluções mais sustentáveis e criativas.

Porém, fazer boas perguntas exige uma compreensão profunda dos objetivos de negócio e do que a IA pode oferecer. Isso implica em conhecer os limites dentro dos quais a IA opera e como pode ser melhor explorada para atender às necessidades do contexto que se apresenta. Perguntas abertas são vitais para explorar novas ideias, enquanto perguntas fechadas podem ser usadas para validar hipóteses específicas. Alternar entre explorar novos territórios e aprofundar áreas conhecidas ajuda na diversificação de abordagens e na maximização de resultados.

Além disso, a habilidade de fazer as perguntas certas é reforçada pela constante atualização sobre os avanços na tecnologia de IA e pelas mudanças no mercado e na sociedade. A colaboração com cientistas de dados e engenheiros de IA também é crucial, pois pode fornecer insights sobre como formular perguntas que desafiem adequadamente a IA e estejam alinhadas com os objetivos estratégicos do negócio. Ao investir no aprimoramento dessa capacidade, os estrategistas não apenas dirigem a tecnologia de forma eficaz, mas também moldam o futuro de suas organizações com visão e inovação.

 

 

Construir melhores processos de tomada de decisão

A implementação bem-sucedida de estratégias dentro de qualquer organização depende crucialmente dos processos através dos quais as decisões são tomadas. Com a IA desempenhando um papel cada vez mais central, o estrategista precisa não apenas utilizar a tecnologia eficientemente, mas também definir os parâmetros e critérios que guiarão essas decisões. Precisamos entender como os profissionais de estratégia podem estabelecer e otimizar processos de tomada de decisão, integrando a IA para alcançar resultados superiores e mais alinhados com os objetivos estratégicos da organização.

Processos bem definidos são a espinha dorsal de qualquer estratégia eficaz. Eles proporcionam uma estrutura que facilita a implementação de decisões e garantem consistência e previsibilidade nos resultados. No entanto, com a introdução da IA, esses processos devem ser adaptados para acomodar novas variáveis e dinâmicas. Definir parâmetros claros e utilizar critérios bem estabelecidos tornam-se essenciais para que a IA possa operar eficientemente dentro do contexto desejado.

A definição desses processos inclui a clarificação dos objetivos estratégicos, a criação de critérios específicos para a tomada de decisão e a identificação dos limites operacionais da IA, incluindo restrições éticas e legais. A integração da IA nos processos decisórios permite a utilização de análise preditiva, otimização de processos e simulações, o que proporciona uma melhora significativa na qualidade das decisões tomadas.

 

 

Investir na formação de melhores critérios

O uso de IA nas empresas, apesar de sua eficiência em processamento de dados e execução de tarefas, não substitui a necessidade de exercício de critério humano. É sempre fundamental destacar a importância do julgamento humano nas estratégias empresariais, especialmente em um contexto onde a IA é uma ferramenta prevalente. Os estrategistas devem desenvolver e aplicar seu critério para avaliar e validar as decisões automatizadas da IA.

O critério humano envolve mais do que escolher entre opções; é uma habilidade de fazer julgamentos que são informados por uma combinação de conhecimento, experiência, valores éticos e intuição. Esta habilidade é crucial quando as recomendações da IA precisam ser avaliadas em relação aos objetivos de longo prazo da empresa, adaptando-as ao contexto cultural, econômico e social da organização. Isso garante que as decisões promovam práticas sustentáveis e éticas.

Desenvolver critério estratégico exige uma educação contínua, experiência prática e uma análise crítica regular das decisões tomadas, permitindo aos estrategistas aprender com sucessos e falhas. A colaboração interdisciplinar é também essencial, pois permite a troca de perspectivas e enriquece o processo decisório.

 

 

Sair da média e apostar em pontos fora da curva

A tendência da IA de convergir para o senso comum, devido ao treinamento com grandes conjuntos de dados que refletem normas e tendências predominantes, pode limitar a capacidade de inovação. Temos que compreender cada vez melhor como os estrategistas podem ultrapassar essa limitação, incentivando a identificação e exploração de ideias fora da curva para fomentar a inovação disruptiva e o pensamento diferencial.

Para superar essa convergência da IA para o senso comum, estrategistas podem adotar estratégias que promovam um pensamento diferencial. Incentivar a inclusão de dados atípicos e de fontes menos convencionais pode ser um meio eficaz de desafiar as normas vigentes e fomentar novas direções de pensamento. Além disso, a promoção de uma cultura que valorize a experimentação pode facilitar descobertas inesperadas e fomentar soluções criativas, reconhecendo os aprendizados que vêm tanto dos sucessos quanto das falhas.

A ilustração através de casos de sucesso, onde estratégias não convencionais conduziram a resultados excepcionais, serve como uma fonte de inspiração valiosa. Usar a AI para buscar exemplos práticos de empresas que romperam com o senso comum podem incentivar estrategistas a repensar a aplicação dessa tecnologia em suas próprias organizações.

Embora abraçar o pensamento fora da curva venha com seus próprios desafios, como o risco de falhas e a resistência à mudança interna, ele também oferece um vasto leque de oportunidades. Estrategistas que conseguem manter um equilíbrio entre inovação e risco não apenas diferenciam suas empresas no mercado, mas também estabelecem uma base sólida para a inovação contínua.

 

 

Entender com mais precisão o presente, imaginar com mais criatividade o futuro

Em um mundo caracterizado por rápidas mudanças e avanços tecnológicos, os profissionais de estratégia são desafiados não apenas a responder eficazmente ao presente, mas também a antecipar e moldar o futuro. Embora a inteligência artificial (IA) seja uma ferramenta poderosa, ela tem suas limitações, especialmente quando se trata de prever tendências futuras e compreender o espírito do tempo. Precisamos entender como os estrategistas podem usar suas habilidades para complementar a IA, mantendo uma conexão profunda com as tendências atuais e desenvolvendo uma visão clara para o futuro.

A IA é treinada com dados passados e, portanto, pode ter dificuldades para lidar com a imprevisibilidade do presente e antecipar o futuro. Ela é limitada pela informação que recebe, e sua capacidade de ler o espírito do tempo, as nuances emergentes e as mudanças de paradigma é limitada. Por outro lado, os estrategistas têm a capacidade de interpretar os sinais do presente e antecipar as necessidades futuras da organização com sensibilidade e intuição.

Estar conectado com o presente envolve uma análise contínua das tendências emergentes e a integração de sistemas de feedback que forneçam dados em tempo real sobre o desempenho de produtos ou serviços. Isso permite ajustes ágeis e informados às mudanças do mercado. Ao mesmo tempo, os estrategistas devem cultivar uma visão de longo prazo que oriente a tomada de decisões e a estratégia da empresa, considerando cenários futuros possíveis e desejáveis.

Desenvolver essa capacidade de antecipação requer uma combinação de educação contínua, experiência prática e uma análise crítica regular das decisões tomadas. Os estrategistas devem estar atentos às tendências tecnológicas, econômicas, políticas e sociais que podem impactar a organização. Eles também devem estar dispostos a adaptar suas estratégias conforme novas informações e tendências surgem, demonstrando flexibilidade e agilidade.

Ao integrar habilidades analíticas e humanas, os estrategistas podem garantir que suas organizações não apenas sobrevivam, mas prosperem na era da inteligência artificial. Eles desempenham um papel crucial na interpretação dos dados fornecidos pela IA e na tradução dessas informações em estratégias acionáveis e inovadoras. Essa abordagem holística é essencial para liderar com sucesso em um ambiente tecnológico em constante evolução, onde a capacidade de entender o presente e imaginar o futuro é fundamental.

 


Dominar essas cinco áreas estratégicas permite aos estrategistas não apenas dirigir a tecnologia de forma eficaz, mas também moldar ativamente o futuro das suas organizações. Ao integrar habilidades analíticas e humanas, eles podem garantir que as decisões tomadas sejam tanto inovadoras quanto alinhadas com os valores e objetivos de longo prazo da empresa. Essa abordagem holística é essencial para liderar com sucesso em um ambiente tecnológico em constante evolução.

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