Criatividade e a arte de perceber

 
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Recentemente, o co-fundador da celebrada revista Fast Company, Bill Taylor, escreveu para a Harvard Business Review um artigo inspirado em alguns aprendizados do livro The Art of Noticing, do jornalista e professor de design Rob Walker.

Logo no subtítulo, o livro promete “131 maneiras de despertar criatividade, encontrar inspiração e descobrir alegria no dia a dia”.

O ponto central do livro é que na visão de Walker as pessoas mais criativas acabam tendo a habilidade de notar o que praticamente todo mundo ignora e que é possível se tornar mais criativo passando a olhar para a realidade com outros olhos.

 Em suas palavras o livro entra na mente dos criativos capturando:

o que percebem, o que deixam escapar, por que isso é importante, e como se tornar observadores que olham o mundo com mais atenção, profundidade e originalidade.

A partir dessa leitura, Bill Taylor puxou 4 experiências que ele mesmo teve com líderes e empresas em que ele pode ver na prática essa mudança de perspectiva de olhar e a diferença que isso fez.

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1. TROCAR DE AMBIENTE

Taylor conta sua experiência com Tom Brown, gestor de fundos hedge e o pessoal da sua empresa, a Second Curve Capital. A experiência que ele relata é que uma vez por ano Brow e todos os funcionários da empresa saem a uma avenida específica em NY com 5 notas de 100 dolares para abrir contas e fazer operações em todo o tipo de banco e finaneiras que eles puderem encontrar. A ideia é que as pessoas possam perceber diferentes realidades de atendimento, de serviço, de sistema, de experiência ou qualquer coisa que elas não estão acostumadas a notar no dia a dia, mas que podem ter muito valor para o negócio da sua própria empresa. Ao final da jornada, todas as equipes organizam seus aprendizados e dividem suas experiências com os outros, para que nessa conexão de diferentes ponts de vista possam surgir oportunidades para a Second Curve.

2. TROCAR DE FUNÇÃO

A segunda história é sobre dois empreendedores que resolveram simplesmente trocar de lugar. Taylor relata como Maxime Clark, a cridora da rede de lojas de bichos de pelúcia Build-a-Bear Workshop sempre admirou seu colega Kip Tindell, também criador da Container Store, que trabalha com storage e organização de produtos. Como os ramos de atividade são competamente distintos, apesar de ambos serem varejos, os dois líderes conversaram e resolveram trcar de posição por um tempo. Cada um foi para a linha de frente da operação do outro, para conseguir mudra as suas perspectivas de uma série de aspectos como merchandising, comuncação interna, RH e tudo o mais que poderiam aprender para implementar nas suas empresas. Pode soar apenas como um benchmark, algo que as empresas já fazem com recorrência umas com as outras. Mas é completamente diferente a experiência de você efetivamente ver nos sapatos do outro do que apenas ouvir seu relato de como é calcar aqueles sapatos.

3. TROCAR DE MENTALIDADE

Claro que nem sempre é possível esse tipo de coisa do ponto anterior, então fica mais como uma inspiração do que como algo concreto. Porém, há algo da mesma natureza, mas muito mais viável que podemos fazer. A TBWA, agência global de publicidade, ficou bastante conhecida pela sua metodologia “Disruption”. Toda a ideia é sobre como atacar asconvenções de um Mercado, para alcançar uma nova visão, por meio de uma estratégia disruptive. E Um dos momentos acontece em um workshop repleto de dinâmicas pensadas para mudra a perspectiva dos executivos. E uma delas é exatamente sobre troca de posição com CEOs, mas não literalmente. A ideia é que as equipes precisam resolver questões se colocando no lugar de CEOs de empresas icônicas como Apple, Virgin ou McDonalds. Eles literalmente vestem bones e camisetas dessas empresas e são estimulados a pensar como eles pensariam no problema que está na mesa. Como relata uma das lideranças da TBWA,

 o simples ato de ter a liberdade de pensar como outra pessoa lhe dá permissão para gerar ideias a que você não chegaria de outra forma

4. TROCAR DE POSIÇÃO

Um dos pontos de Walker no livro é que a nossa percepção do mundo vem tanto dos olhos quanto dos ouvidos. O que vemos e o que/quem escutamos. Nesse sentido, o ultimo exemplo de Taylor é talvez ainda mais inusitado do que a troca de CEO’s de uma empresa para a outra, mas mais comum, por ser mais viável. É a prática de “mentoria reversa”. O exemplo que ele usa é da PwC, em que 120 funcionários millennials são mentores de cerca de 200 sócios e diretores da empresa. A ideia é que as pessoas mais senior recebam essa mentoria às avessas de pessoas mais jovens exatamente para mudra a perspectiva deles não só sobre questões como tecnologia e cultura, mas também do próprio trabalho em si, na media em que quanto mais “alto” você fica na cadeia, mais distante sua perspectiva fica dos problemas reais do dia a dia da sua empresa. É uma mudança de olhar pela boca de outras pessoas, que também pode fazer toda diferença.


Ir para a rua ver com seus próprios olhos determinadas realidades, trocar de lugar com outra pessoa, ouvir quem você nunca ouve, ou pensar com a cabeça de outra pessoa. Todos esses são exercícios muito interessantes de mudança de perspectiva, que podem mudar radicalmente nossa forma de enxergar o mundo e resolver problemas.

Se é verdade que criatividade é conectar pontos, como disse o grande criativo Steve Jobs, precisamos ampliar nossa capacidade de ter pontos para conectar, ampliando nossa visão de mundo o tempo todo.

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