Em meados da década de 70, Stanford foi um importante centro de estudos a respeito de viéses cognitivos. Um em especial é importantíssimo muito relevante até hoje: o viés de confirmação. Simplificando muito, é a nossa tendência de olhar para evidências de maneira que reforce nossas próprias crenças.
Um dos papers seminais sobre o fenômeno chama-se “Biased Assimilation and Attitude Polarization: The Effects of Prior Theories on Subsequently Considered Evidence”. O nome é bacana, mas o estudo é ainda mais.
Ele relata um experimento que foi feito com dois grupos de pessoas: um contrário à pena de morte e o outro à favor. Para cada uma das pessoas foi entregue um relatório que cuidadosamente equilibrava boas opiniões contra e a favor do tema. Após a leitura, os pesquisadores faziam uma bateria de perguntas sobre a opinião das pessoas em relação a uma série de aspectos daquela experiência. Dois resultados chamam bastante atenção.
O primeiro é que o estudo mostra que as pessoas dos dois lados questionavam muito a fonte das informações das opiniões contrárias as delas. Diziam frases como “The evidence given is relatively meaningless without data about how the overall crime rate went up in those years.”
O segundo resultado mostra que mesmo tendo sido estimuladas por informações e análises coerentes contrários ao seu ponto de vista, as pessoas saiam ainda mais convictas dele do que quando entraram. Tanto um grupo quanto o outro não só não se convenceram como o efeito da evidência saiu pela culatra e eles acabaram saindo ainda mais ferrenhos apoiadores ou detratores da pena de morte, como mostra a tabela abaixo
Explicando tudo isso de uma maneira mais lúdica, encerramos com essa esclarecedora cena do filme Inside Out, em que os personagens Alegria e Amigo Imaginário dão o tom exato do que acontece no nosso cérebro que nos faz misturar tanto as bolas entre evidências e opiniões, o que empobrece bastante nosso julgamento sobre todas as coisas.
Sim, qualquer semelhança com a internet não é mera coincidência.