AS 9 LIÇÕES ESTRATÉGICAS DE HOUSE OF THE DRAGON

Alerta de spoilers! A aclamada série Game of Thrones ganhou um spin-off na HBO, chamado House Of The Dragon. Se na trama original teve muita estratégia em meio a tantas batalhas e conspirações, na produção mais recente a pegada continua. No podcast Sinapses, da Sandbox, os fundadores Daniel De Tomazo e Felipe Senise fizeram uma grande análise de House Of The Dragon e, de olho nos movimentos das casas e dos personagens, elencaram 9 lições estratégicas em um paralelo com a vida real e sua aplicação nos negócios. Compilamos uma parte do material a seguir, e já avisamos: tem spoilers a rodo e muita estratégia explícita e implícita no jogo dos tronos – Otto Hightower e Rhaenyra Targaryen que o digam!

Leia mais: o que Game of Thrones tem a ensinar sobre estratégia

 

AS LIÇÕES ESTRATÉGICAS QUE HOUSE OF THE DRAGON ENSINA AOS NEGÓCIOS

1. Estratégia é visão de longo prazo

Otto Hightower é Mão do Rei Viserys Targaryen, o segundo homem mais importante de Westeros. Desde o primeiro episódio, Otto se mostra muito competente em suas estratégias para que a família se mantenha em torno do Trono de Ferro. Após a morte da rainha, ele estimula sua filha Alicent a consolar o rei, arquitetando um casamento para, futuramente, seu neto assumir o reinado. Claro que há muita treta e dissimulação nos bastidores – ninguém aqui defende Hightower ou justifica suas armações, ok? Porém, sua visão de longo prazo o leva a agir sutilmente no presente para que se concretize no futuro, com movimentos aparentemente inofensivos, mas poderosos e certeiros.

Otto Hightower sussurando ao ouvido do rei Viserys Targaryen

2. Coerência entre objetivos e escolhas

O Rei Viserys sempre se preocupou em manter o Reino unido e em paz, sendo até mesmo reconhecido como O Pacífico. Porém, no meio da série ele toma uma grande decisão: sua filha mais velha, Rhaenyra Targaryen, será sua sucessora, quando ele vier a morrer. Isso divide o Reino, entre lordes que aceitam a decisão e os que não abrem mão de um homem no Trono de Ferro, mantendo a tradição – uma ótima forma de abordar o empoderamento e o direito das mulheres!

Depois dessa decisão, Viserys acaba tendo seu primeiro filho homem. E aí a discórdia estava armada. Mesmo querendo paz e união, uma decisão do Rei levou à discórdia e confusão. Uma incoerência entre seus objetivos e escolhas.

3. O que significa vitória?

Após a morte de Viserys e coroação do seu irmão, Rhaenyra Targaryen busca uma forma de fazer valer a decisão do pai, de ser sua sucessora. Ela busca uma vitória sobre a conspiração dos Hightower, porém, tem uma premissa importante: manter o reino coeso, unido, como seu pai gostava. Isso muda totalmente o pensamento estratégico e as ações tomadas, afinal, para quem monta um grande dragão, carnificina e fogo é um meio para se tornar rainha, mas detona a premissa da coesão.

Viserys, Rhaenyra e Daemon Targaryen

4. Vencer não pode ser a qualquer custo

Os apoiadores de Rhaenyra, inclusive, declararam em alto e bom som: mandar ver com os dragões e usar fogo e força para conquistar o trono. Mesmo tendo o poder nas mãos, ela sabe muito bem que a vitória não pode ser a qualquer custo. Quem quer governar para cinzas e escombros, um reino rachado e embebido em sangue? Ainda não sabemos o que vem pela frente na 2ª temporada, mas até o final da 1ª, Rhaenyra se manteve fiel às suas premissas e objetivos. Para ela, os fins não justificam os meios.

5. Assimetria de informações

Há uma antiga profecia, chamada de Canção de Gelo e Fogo, que passa de geração em geração entre os reis da dinastia Targaryen, desde que Aegon, O Conquistador, dominou Westeros. Ela é uma suposta visão de Aegon sobre o final dos tempos, onde o inverno será tão terrível que pode causar o fim definitivo dos Sete Reinos, destruindo o mundo dos vivos. Somente com um Targaryen no trono é que a humanidade poderá ser salva. Bem, quem acompanhou Game Of Thrones sabe que, de algum modo, se trata dos Caminhantes Brancos e do Rei da Noite.

Viserys conta sobre a profecia para Rhaenyra, quando a escolha como sucessora. De alguma forma, ela os impele a governar pela paz e união do povo. Porém, Daemon Targaryen, que acaba a série como marido de Rhaneyra [e também é seu tio, vejam só], não sabe de nada sobre a tal Canção. Isso o leva a pensar a estratégia da guerra de forma bem diferente, buscando demonstrar força e aniquilar os inimigos (também por conta de sua natureza violenta). Bem, o fato é que as decisões que tomamos são baseadas nas informações que temos e nas suposições que fazemos. Quanto melhores dados, maiores as probabilidades de tomarmos decisões mais assertivas.

6. Vantagem competitiva é a grande busca

Ter vantagem competitiva é ponto-chave em qualquer estratégia. Aquela coisa que só você tem e nenhum concorrente consegue igualar. Especialmente diante de falta de recursos ou em uma disputa concorrida, isso faz muita diferença. Em House Of The Dragon, vemos isso quando Rhaenyra, em clara desvantagem, conta com o apoio da Casa Velaryon. Comandados por Corlys, conhecido como a Serpente Marinha, a frota Velaryon tem o domínio do Mar Estreito e pode estrangular as rotas marítimas de abastecimento da capital Kings Landing. O movimento pode ser decisivo para a conquista do Trono de Ferro e se torna um ativo estratégico essencial.

Corlys Velaryon com sua esposa Rhaenis Targaryen e seu filho, Laenor.

7. Estratégia é sobre recursos

Estratégia, como ensinamos aqui na Sandbox, é sobre alocar os recursos disponíveis para direcionar escolhas que nos levam aos objetivos desejados. O fato é que os recursos são limitados e nem sempre conseguiremos fazer a estratégia ideal. É preciso dar a melhor cartada com o baralho que temos em mãos. Na mesa iluminada de Dragonstone esse aprendizado fica evidente ao analisar o que é ou não é possível para os aliados de Rhaenyra. Alianças com outras casas, lordes simpáticos à causa, negociações… estratégia é esse grande quebra-cabeça a ser montado.

8. Viés de confirmação pode ser fatal

Se você assistiu à série, confesse: dá uma raivinha de Alicent Hightower no momento da morte de Viserys, não dá? Ela entende que o marido, em seus últimos suspiros, já quase inconsciente e tomado pela doença, manifesta sua preferência para que o filho Aegon assuma o Reino, e não mais Rhaneyra, como ele havia designado pela sucessora. Na verdade, Viserys estava devaneando sobre outro Aegon, o primeiro Conquistador.

O fato é que, com um pouco de dissimulação na conta, Alicent convenceu a si mesma a acreditar em algo que estava dentro da sua própria mente: que seu filho fosse rei. É como se ela buscasse indícios para confirmar suas hipóteses, ignorando fatos contrários e evidências concretas. Esse viés de confirmação é super perigoso, mas muito comum, em análise de dados. Na série, foi capaz de arrumar uma guerra. No seu negócio, pode colocar a estratégia da empresa na direção errada e sujeita a consequências severas.

O grande dragão Caraxes, montado por Daemon Targaryen

9. O valor do poder simbólico

Após a morte de Viserys, os Hightower se apresssam para empossar Aegon diante de todo o povo de King’s Landing, utilizando a Coroa do Conquistador – artefato utilizado pelo primeiro Targaryen a governar Westeros, uns 200 anos atrás. Esse símbolo, junto com outros elementos da realeza, criam uma legitimidade mais difícil de ser contestada, dando fôlego ao Golpe de Estado armado por Otto e Alicent.

Entender quais itens e ambientes são capazes de conferir esse simbolismo é um trunfo importante ao construir negócios e histórias para as marcas.


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