Paralysis Analysis: pensar demais pode matar a sua tomada de decisão

 

Sabe quando o medo de cometer um erro ou renunciar a um superior supera a expectativa e a vontade de tomar uma decisão de sucesso em tempo hábil? Esse desequilíbrio é Paralysis Analysis – ou Paralisia de Análise, em portugês – processo que impossibilita que as tomadas de decisão tenham uma conclusão. Assim, mesmo com um acesso ilimitado de informações, ao invés fazer as melhores escolhas, levamos como premissa o medo de tomar a decisão errada, o que, por sua vez, nos leva a girar nossas rodas em um ciclo infinito de paralisia de análise, que não nos deixará chegar a lugar nenhum – ou melhor, a decisões erradas.

A Paralysis Analysis é um assunto que vem sendo associado ao processo de tomada de decisão empresarial desde a década de 1960, quando H. Igor Ansoff, matemático e estrategista de negócios, usou o termo “paralisia por análise” em seu livro Estratégia Corporativa: Uma Abordagem Analítica da Política de Negócios para Crescimento e Expansão.

A paralisia de análise pode ocorrer em problemas rotineiros e complexos. Por exemplo: quando você se questiona no dia a dia de trabalho em um investidor: “Qual ação devo comprar?”. Se seguir nessa linha, vai ficar paralisado em tomar a decisão, uma vez que essa é uma pergunta sem resposta. No lugar desse questionamento, você pode tentar: “Qual ação comprar para pagar um bom dividendo anual e que esteja em um setor relativamente à prova de recessão?”. Aqui, é possível listar as opções, comparar os números e considerar todos os prós e contras, chegando, enfim, a uma conclusão.

Considere que a sua empresa é a única no país que vende o produto ofertado. Até aí, somente será consumido esse nas prateleiras. No entanto, chegam 10  novas marcas ao Brasil que ofertam o mesmo produto. Isso deverá trazer muitos benefícios reais e emocionais aos consumidores, mas também muitas dúvidas: afinal, devo continuar comprando o de sempre ou apostar em uma novidade? A dúvida prevalece e você acaba paralisado. Isso acontece porque sempre há algum tipo de limitação. Como consequência acabamos nos arrependendo das nossas decisões, pois fantasiamos que deveria haver uma opção perfeita, afinal, tinham tantas…

Outro ótimo exemplo é a plataforma Netflix, onde há muitas opções de escolha e, muitas vezes, o usuário acaba não escolhendo nenhuma ou, ao tomar uma decisão e assistir um filme ou série e ele for “ruim”, ele acaba se arrependendo, achando que poderia ter feito uma escolha melhor. Resumidamente, frente a tantas opções, acabamos nos paralisando e não fazendo ou decidindo por nada. Isso é paralysis analysis.

POR QUE DECISÕES ERRADAS PODEM ATRASAR O SEU NEGÓCIO?

Primeiramente, pensar demais acaba diminuindo o seu desempenho em tarefas que exigem esforço mental. Isso acontece porque a nossa memória de trabalho é o que nos permite focar nas informações precisas para fazer as coisas. Mas ela é limitada. Por exemplo: seu e-mail pode receber x mensagens por dia, e depois não pode mais. Ou seja, quando você analisa demais uma situação, os pensamentos repetitivos, a ansiedade e a insegurança diminuem a quantidade da sua memória de trabalho para concluir tarefas desafiadoras, fazendo com que você se torne improdutivo.

Não dá para esquecer que tudo o que é demais também não faz bem. Isso vale para pensamentos, afinal, feitos de forma demasiada, devora a sua criatividade. Para comprovar, um estudo recente de Stanford destaca que essa ação impede nossa capacidade de realizar tarefas cognitivas e também de alcançar nosso potencial criativo. Nesse estudo, os pesquisadores constataram que pensar demais em um problema torna mais difícil fazer o seu melhor trabalho criativo.

Pensar demais também consome a força de vontade. Não somos nós que estamos dizendo, mas sim um estudo publicado pela Academia Nacional de Ciências, que analisou decisões de juízes do conselho de liberdade condicional durante 10 meses. Nessa pesquisa, eles descobriram que os juízes eram mais propensos a conceder liberdade condicional no início da manhã e após um intervalo para comer. Os casos apresentados no final de longas sessões eram mais propensos a serem negados. O que explica tudo isso? Os juízes estavam com fadiga de decisão. Cada decisão que tomamos depende do mesmo suprimento limitado de força de vontade. Quando ficamos muito tempo em uma decisão, esgotamos nossa força de vontade. Em suma, a análise excessiva de uma decisão torna muito mais difícil fazer escolhas de alta qualidade e longo prazo mais tarde.

É, pensar demais também pode tirar a sua felicidade. Quatro estudos diferentes realizados pelo Swarthmore College estudaram os efeitos psicológicos de dois estilos de tomada de decisão: os maximizadores, aqueles que pensam em tudo antes de decidir, relataram menos satisfação com a vida, felicidade, otimismo e autoestima, e mais arrependimento e depressão, do que os satisficers, aqueles que tomam decisões assim que os critérios são atendidos. Embora analisar todas as opções na busca pela melhor possa levar a um resultado bom em algumas situações, maximizar, em última análise, leva a mais ansiedade e arrependimento e menos felicidade e satisfação nas decisões.

Pare de analisar e comece a fazer: veja 8 maneiras simples de seguir isso

Já foi comprovado pela ciência e pela experiência que pensar demais em uma decisão aumenta a ansiedade e diminui a produtividade. Mas, o que fazer a respeito? Veja algumas estratégias para acabar com a paralisia da análise, tomando decisões com eficiência.

1. Estruture seu dia para as decisões mais importantes

Nem todas as decisões são iguais. Algumas requerem mais de nosso pensamento, outras menos. Para evitar a paralisia da análise, uma vez que nossa capacidade de tomar decisões de qualidade e de longo prazo se deteriora a cada escolha, é importante reduzir a quantidade de decisões diárias, transformando-as em hábitos que exigem pouco pensamento consciente para serem concluídos.

2. Limite a quantidade de informações que você consome

Um dos segredos da produtividade é gerenciar com eficiência as informações, determinando o que aprender com elas para depois obter dados específicos. Ler com um objetivo específico permite vermos grandes quantidades de informações sem ficar sobrecarregado. Outra maneira de consumir informações sem viver em análises intermináveis é definir um limite sempre que fizer uma pesquisa.

3. Defina um prazo e responsabilize-se

Encontre uma maneira de se responsabilizar pelos seus prazos. Quer um conselho? Torne seu prazo o mais público poss ível. Diga a um colega de trabalho ou amigo que o ajudará a responsabilizá-lo pelo prazo de sua decisão ou até mesmo se comprometer com um prazo nas mídias sociais.

4. Conheça o seu objetivo principal

Identificar e permanecer fiel a um objetivo como base para a tomada de decisões ajuda a superar a tendência de pensar demais. Ao conhecer o seu objetivo final, você pode ser mais rápido e decisivo. Pense: qual é a coisa mais importante a você pessoalmente e profissionalmente? Anote e encontre uma maneira de revisar regularmente. Quando você se depara com uma decisão difícil, pergunte a si qual opção se alinha melhor com o seu objetivo ou valor mais importante.

5. Saia da sua própria cabeça e converse com outra pessoa

Ao ficar paralisado por uma decisão específica, buscar a opinião de outra pessoa pode ajudar muito. Ter a validação externa de suas ideias pode ser o que você precisa para superar a dúvida e construir a confiança para agir.

6. Aborde os problemas com uma mentalidade iterativa

Diariamente, baseamos nossas escolhas em suposições que podem ou não ser precisas. Felizmente, existe uma maneira fácil de testá-las sem ter que se comprometer a um caminho. É a abordagem iterativa, que tem como benefício quebrar o impasse da paralisia da análise. A tomada de decisão não apenas é mais rápida, ela também pode nos levar a melhores resultados à medida que experimentos proporcionam melhorias às nossas decisões.

7. Comece antes de se sentir pronto

Você está fadado a se sentir incerto, despreparado e desqualificado. Mas saiba que o que você tem agora já é suficiente. No final, a ação é o que decide nosso sucesso ou fracasso. Então, sempre que estiver preso no modo de análise, lembre-se de que as pessoas bem-sucedidas começam antes de se sentirem prontas e depois descobrem o resto no caminho.

8. Faça a sua decisão certa

Muitas vezes, esquecemos que tomar a decisão é apenas o primeiro passo. Quando se deparar com uma decisão difícil, pergunte a si mesmo qual opção você estará mais motivado para ter sucesso. Em vez de ficar preso analisando demais um problema para encontrar a melhor solução, use seu tempo e energia para elaborar um plano concreto e acionável para que sua decisão seja bem-sucedida.


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