Série Grandes Estrategistas: Bob Iger, um gigante da Disney

A partir de hoje estamos lançando por aqui uma série de conteúdos focada em grandes estrategistas. O objetivo é contar um pouco da história de profissionais de sucesso nos Estamos inaugurando uma nova série aqui no Estratégia da Semana e no blog da Sandbox focada na figura de grandes estrategistas.

E antes que você ache que estamos querendo fazer cultos a personalidades, não é nem de longe nosso ponto. Temos plena consciência de que estratégia é um processo coletivo, que envolve muita gente, do pensamento à execução. E também achamos muito pouco saudável ficar idolatrando pessoas específicas.

Porém, a grande questão é que estratégia é, em última instância, um processo de tomada de decisão. E para isso, é necessário haver um decisor. Alguém que tenha autoridade e papel de liderança para poder decidir como empregar os recursos de determinada empresa. O capitão com o leme na mão. O navio não tem como navegar sem toda a tripulação, mas o capitão aponta a direção e tem a palavra final. Para o bem ou para o mal, a responsabilidade recai mais sobre ele.

Por isso, vale a pena conhecer a trajetória de alguns capitães que conduziram muito bem seus navios em períodos específicos. E, sobretudo, o que podemos aprender com essas experiências.

O primeiro nome escolhido para essa jornada é Bob Iger, ex-presidente e CEO da Disney. Vamos conhecer um pouco sobre a história dele e destacar movimentos marcantes de sua trajetória, ressaltando o pensamento estratégico por trás das decisões que levaram a Disney a dar um grande salto nos últimos anos. 

AFINAL, QUEM É ‘BOB’ IGER?

O norte-americano Robert Allen ‘Bob’ Iger era o executivo a frente da ABC Network Television Group em 1996, quando a empresa foi adquirida pela The Walt Disney Company. Em 1999, tornou-se presidente da divisão internacional da empresa, a Walt Disney International, unidade de negócios que supervisiona as operações internacionais da Disney. Em 2000, assumiu o cargo de presidente e diretor de operações, se transformando no segundo maior nome na hierarquia da corporação. Até que, em 2005, foi anunciado como novo CEO da Disney, ficando no cargo até 2020. Se desligou oficialmente no final de 2021, aos 70 anos, após exercer ainda o cargo de Presidente do Conselho de Administração. 

Resumindo essa trajetória de muito prestígio e sucesso, Iger foi o 6º CEO a administrar a empresa desde que Walt a fundou, em 1923. Sob seu comando, a Disney nunca parou de expandir, batendo vários recordes mundiais de bilheteria com suas produções. Hoje em dia, Iger é considerado um dos empresários mais inovadores e bem-sucedidos dessa Era. E como não falar de Iger sem falar em $$$. Todo esse renome rendeu milhões também à sua conta pessoal. Estima-se que, em 2018, o seu salário total foi de US$ 65,6 milhões.

MOVIMENTOS ESTRATÉGICOS E EMBLEMÁTICOS DE IGER À FRENTE DA DISNEY 

A Disney ganhou absurdamente com Bob Iger no comando. Isso porque o profissional liderou inúmeros movimentos estratégicos e emblemáticos que serviram para aumentar o poderio – dele dentro da Disney e da Disney no mundo. Não foram um, nem dois, foram vários. Mas é claro que sempre tem aqueles os quais podemos mencionar como grandes destaques:

A aquisição da Pixar, que antes pertencia a Steve Jobs, numa transação de mais de US$ 7 bilhões em 2006, é um deles. Essa incorporação foi uma das estratégias de Iger para revitalizar a Disney Animation e aumentar a produção e relevância do conteúdo da marca. Depois disso, os dois executivos se aproximaram e o fundador da Apple, além de se tornar membro do conselho da Disney, virou seu maior acionista. 

A segunda, mas não menos importante: a aquisição da Marvel. Essa negociação foi encerrada em 2009, após a Disney desembolsar US$ 4 bilhões. Nesse investimento, podemos salientar a estreia de Pantera Negra, um dos momentos mais memoráveis da carreira de Iger. Quando ele descobriu que o escritor Ta-Nehisi Coates estava escrevendo uma história em quadrinhos do personagem para a Disney, o CEO ficou encantando e logo colocou-o na lista de projetos da Marvel que precisavam ser realizados. A obra se tornou um fenômeno cultural instantâneo, quebrando preconceitos arcaicos da indústria e marcando profundamente a história da Marvel Studios.

Tem mais: aquisição da Lucasfilm. Quando as negociações da compra pela Disney começaram, um impasse muito delicado surgiu: Star Wars era só de George Lucas e ele queria manter esse controle sem se tornar funcionário da Disney. Para Iger, esse momento marcou um exercício muito grande de equilíbrio entre o seu respeito por Lucas e a responsabilidade que ele tinha como CEO da empresa.

Outros importantes movimentos ainda foram, em 2018, a aquisição da 21 Century Fox pelo grupo Disney, numa transação bilionária que tornou a Disney uma das maiores produtoras de conteúdo do mundo. E, em 2019, houve o lançamento da plataforma Disney+, entrando de cabeça no streaming.

Essas negociações, em geral, compartilham um elemento narrativo crítico em comum: a necessidade de construir escala em plataformas e propriedade intelectual em uma Era de disrupção tecnológica. Ou seja, o mercado de continuar contando histórias relevantes. Sobre as aquisições da Pixar, Marvel e Lucasfilm, podemos refletir, pelas palavras de Iger, que cada negócio depende da construção da confiança. Em qualquer aquisição, o ativo tem muito menos a ver com ele e muito mais com as pessoas que a fazem.

Já em 2005, Iger diz que viu um mundo que mudaria drasticamente por causa da tecnologia. E ele pensou em como isso poderia impactar a Disney, uma que apesar de ser uma grande ameaça, também poderia ser encarada como uma oportunidade.

“O que ficou muito, muito claro para mim é que a tecnologia nos daria a oportunidade de contar mais histórias para mais pessoas. Na realidade, esse cenário de um mundo em que a tecnologia permite mais narrativas existe hoje, em escala ainda maior”, disse Iger, em entrevista.

Iger também identificou desde o início que, em qualquer aquisição, o ativo tem muito a ver com as pessoas que fazem esse processo acontecer.

“Em um negócio criativo, é aí que reside o valor. E se você quer preservar e perceber o valor de uma aquisição, é preciso um líder muito habilidoso para integrar uma empresa e não para esmagar as pessoas – ou o ativo – que acabou de adquirir”, declarou a Forbes

AS LIÇÕES QUE APRENDEMOS COM BOB IGER 

No período em que Iger ficou à frente da Disney, englobou sua visão sobre a empresa por meio de três prioridades estratégicas, conforme :

  • Aumentar a quantidade de conteúdo de marca de alta qualidade

  • Avançar tecnologicamente, tanto na capacidade de criar produtos mais atraentes, quanto em entregar os produtos aos consumidores

  • Crescer globalmente, de modo a tornar a Disney uma marca mais forte nos mercados internacionais

A partir dessas três premissas, o executivo deu o tom do direcionamento estratégico da companhia. No entanto, é importante salientar que não basta apenas deixar essas ideias claras para a equipe. É preciso executá-las com excelência.

O principal desse grande salto que a Disney deu enquanto Iger estava à frente se deve ao fato de que a gigante optou por executar a estratégia de evolução por meio do crescimento inorgânico – um desafio, visto que pode ser atormentado por buracos operacionais. No entanto, graças ao estilo de liderança de Iger, pautada pela coragem, justíça e otimismo, as aquisições foram surpreendentemente bem-sucedidas. 

Isso se deve muito ao fato do largo conhecimento de Iger perante o mercado. Tanto foi o sucesso do ex-CEO, que ele lançou ao mercado um livro de sua autoria intitulado ‘’Onde os sonhos acontecem, Meus 15 anos como CEO da The Walt Disney Company.”, em que compartilha as lições aprendidas ao gerir a Disney e liderar mais de 200 mil funcionários. Na obra, ele destaca a importância de ser um bom líder.

“Houve dias difíceis, até mesmo trágicos. Mas, para mim, sem evitar o lugar-comum, esse também é o melhor trabalho do mundo. Fazemos filmes, programas de TV, musicais da Broadway, jogos, fantasias, brinquedos e livros. Construímos parques temáticos e atrações, hotéis e navios de cruzeiro. Organizamos desfiles, eventos e shows ao ar livre todos os dias em nossos quatorze parques em todo o mundo. Fabricamos diversão. Mesmo depois de todos esses anos, às vezes ainda me pego pensando: Como isso aconteceu? Como tive tanta sorte? Costumamos chamar as nossas maiores e mais empolgantes atrações em parques temáticos de ‘E-Tickets’. É o que me vem à mente quando penso em meu trabalho: um passeio de quatorze anos em uma superatração E-Ticket conhecida como Walt Disney Company. 

Mas a Disney também existe no mundo dos balanços trimestrais, das expectativas dos acionistas e de inúmeras outras obrigações decorrentes da administração de uma empresa que opera em quase todos os países do mundo. Nos dias menos agitados, esse trabalho exige a capacidade de se adaptar e readaptar constantemente. Você vai de traçar a estratégia de crescimento com os investidores a analisar o projeto de uma nova e gigantesca atração de parque temático com a Imagineering; de fazer observações sobre a versão preliminar de um filme a discutir medidas de segurança e a gestão do conselho; de determinar preços de ingressos a definir a escala salarial. Os dias são desafiadores e dinâmicos, mas também são um exercício interminável de compartimentação.” – trecho retirado do livro de sua autoria.

5 dicas de Bob Iger para desenvolver uma estratégia de negócios

O ex-CEO usava uma estratégia de negócios competitiva, que expandiu as participações de mídia da empresa e aumentou os fluxos de receita e a sua participação de mercado. O que podemos aprender disso para desenvolver uma estratégia de negócios de sucesso? Veja as cinco dicas de Iger:

1. Sonhe grande. Quando chegar a hora de pensar em novas direções para crescer, reserve um espaço para uma pequena sessão de ideias sem restrições. Por enquanto, o céu é o limite. 

2. Defina as suas três prioridades. Não mais do que três, porque a visão da empresa pode se tornar confusa – para os clientes, para os investidores, ao conselho de sua própria marca. 

3. Venda sua visão. Limitar suas prioridades a três objetivos claros é metade da batalha. É uma fase de definição de visão, não é sobre você e quão inteligente você é. É sobre as pessoas na sala – sobre você entender a linguagem delas e apresentar sua visão nos termos mais acessíveis a elas.

4. Incorpore a sua visão. Declare as suas estratégias, mas também esteja pronto para explicar como elas se aplicam a problemas de todos os tamanhos. Por exemplo: entre na sala com seus colaboradores e adapte a sua visão à experiência real do local de trabalho.

5. Obtenha feedback para encorajar as pessoas que trabalham para você e receber insights importantes. Essa perspectiva prática manterá a sua visão calibrada.

UM ESTRATEGISTA DE MILHÕES

E como nem tudo é pra sempre, o cargo de CEO de Iger chegou ao fim na Disney. Após sua saída, ele se juntou ao comitê da Genies, empresa de metaverso, com sede em Los Angeles, que oferece serviços que permitem aos usuários criarem avatares virtuais, além de acessórios que podem ser adquiridos como tokens não fungíveis (NFTs). Inclusive, deixou um direcionamento antes de sair, comentando que a Disney já fez alguns licenciamentos de sua propriedade intelectual para NFTs, além de ter firmado uma parceria com a plataforma de colecionáveis digitais Veve, para lançar NFTs com personagens da Disney e da Marvel.

Mas, deixou um legado na eterna empresa de Mickey e Donald. Para a Disney, para o mercado e para o universo estrategista. Em sua carta de demissão, Iger destacou um trecho sobre a criatividade:

Meu único apelo final a todos é garantir que sempre mantenham o fogo criativo aceso […] Nada nos serviu ou nos servirá melhor do que a criatividade que vem de talentosos membros do elenco e de todos os envolvidos no processo criativo”.


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