Como Jeff Bezos toma decisões

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Jeff Bezos, o Senhor Amazon, é não só o homem mais rico do mundo como o homem mais rico da história moderna. E certamente não se chega a esse posto tomando más decisões. Ao longo do tempo, Bezos foi dando dicas de como ele toma decisões e compilamos aqui três delas, que podemos fazer toda diferença nas nossas tomadas de decisão [certamente mais mundanas que as dele].

E de alguma forma, todas as dicas tem a ver com um grande mindset do CEO da Amazon, que se chama velocidade. Antes de tudo, para Bezos as decisões precisam ser rápidas. O custo de decidir de forma lenta é deixar de inovar. E ainda que a velocidade abra a porta para muitos erros, na visão dele se é um risco menor do que o da lentidão.

Em uma carta aos acionistas da Amazon em 2015, Bezos disse que:

“Você precisa, de alguma forma, tomar decisões de alta qualidade e alta velocidade. É fácil para startups e muito desafiador para grandes organizações. A equipe sênior da Amazon está determinada a manter a velocidade de tomada de decisões alta. A velocidade é importante nos negócios – além de que um ambiente de tomada de decisões com alta velocidade também é mais divertido.”

Nesse sentido, há 3 princípios que ele segue para conseguir ser rápido da maneira menos imprudente possível:


1. A decisão é reversível?

Na mesma carta mencionada acima, Bezos disse que as pessoas bem sucedidas tomam decisões enquadrando-as sempre no critério de “reversibilidade”. O quanto dá para voltar atrás ou não nessa decisão que estamos voltando. Mudar o nome de uma empresa não é uma decisão tão reversível quanto lançar um produto em uma praça-teste. As decisões irreversíveis, ele chama de Tipo 1 e as reversíveis de Tipo 2.

Colocando cada tipo de decisão no seu quadrado, é mais fácil entender aquilo que você precisa tirar da frente rápido e fazer andar e aquilo que demanda mais a sua atenção e que não pode ser tomada num estalar de dedos.

“À medida que as organizações crescem, parece haver uma tendência a usar o processo pesado de tomada de decisão do Tipo 1 na maioria das decisões, incluindo muitas decisões do Tipo 2. O resultado final disso é a lentidão, a aversão ao risco, a falta de experimento suficiente e, conseqüentemente, a diminuição da inovação”


2. Se não tem tu, vai tu mesmo

O velho ditado popular aparentemente traz uma sabedoria mais profunda do que acreditávamos. Na visão de Bezos, as decisões precisam sim ser baseadas em fatos e evidências. Mas o problema é que muitas vezes os líderes querem morrer de certeza e esperam ter todos os dados possíveis para tomar uma decisão.

Novamente, voltando ao mindset principal, isso gera lentidão.

Nesse sentido, a principal dica que ele dá é tomar a melhor decisão possível com base no que se consegue levantar rapidamente em termos de dados e informação. E assumir o risco de que você pode cometer erros, mas que consertá-los vale mais a pena do que ficar parado esperando eternamente pela decisão certa.

Na mesma carta aos acionistas, mas em 2016, Bezos afirma:

“Se você espera pelos 90% [de dados], na maior parte dos casos, você provavelmente está sendo muito lento […] Se você é bom em corrigir, errar pode ser menos caro do que você pensa”, escreve ele aos acionistas. Considerando que ser lento vai ser caro, com certeza.”


3. Discordar e confiar

Nesse aparente paradoxo mora um dos princípios de tomada de decisão de Jeff Bezos, que talvez seja o mais difícil para líderes na posição dele.

O que ele sustenta é que a busca pelo consenso muitas vezes gera decisões não só mornas tentando atender a todos, como, novamente, lentas. Demora chegar a um consenso diante de algumas divergências. Aí isso gera novas demandas por estudos para ver quem está certo. E mais tempo vai sendo consumido e nada feito.

Para isso, Bezos fala dessa dinâmica do discordar e confiar. Se uma pessoa da linha de frente da equipe dele bate no peito e tem “certeza” de que devem ir por determinado caminho, ainda que ele discorde, ele confia e abraça a ideia da pessoa. E faz todo sentido. Se você contrata pessoas qualificadas, precisa largar o osso um pouco. E, obviamente, confiar na decisão da pessoa significa não olhar para ela depois se der errado e dizer o clássico “eu te avisei”. Aí não é confiança, é só uma armadilha.

Na sua palestra de encerramento da Amazon’s re:MARS conference em Las Vegas agora em junho de 2019, Bezos disse:

“If you had to get the very last person in the room to have genuine consensus on an idea, it might never happen and you might waste a lot of time. When I do it, I will say, ‘I don’t agree with this, I think it’s probably not going to work,’ but I will never say ‘I told you so’. I’m going to be on your team and do everything I can to make it work.”



Três princípios respondendo a um grande mindset de velocidade. Essa é chave da tomada de decisão de um dos caras que melhor tomou decisões de negócios na história. E está ao alcance da mão de qualquer líder que está disposto a questionar um pouco das convenções de como se toma decisões: devagar, em consenso, apoiado em quilos de dados.