Affordance Theory e os primórdios do UX

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Desde a década de 60, o psicólogo James Gibson estudava o nosso sistema de percepção e como isso impacta nas nossas ações mais simples, mais intuitivas. E em 1966 ele cunhou um termo que só foi ser plenamente solidificado em 1979, ano de sua morte, em seu livro The Ecological Approach to Visual Perception.

O termo é “affordance”, um neologismo a partir do verbo “afford”, que faz referência às pistas que o nosso sistema perceptivo capta do ambiente e que nos move à ação. Há formas no ambiente que nos sugerem ser alimentos, outras apoios, outras perigo, outras abrigo… A percepção dessas pistas faz com que possamos [“afford”] agir. Por isso agimos de maneira praticamente intuitiva diante de determinadas percepções e pistas visuais, que nos guiam pelo caminho.

Qualquer semelhança com o que consideramos hoje um bom UX não é mera coincidência. Nas teorias de Gibson estão os conceitos fundamentais que fazem uma experiência de uso ser intuitiva, fluida ou um desastre. Quando você nem pensa muito mas tem certeza que precisa apertar determinado botão ou fazer determinado movimento para atingir um objetivo na sua experiência de uso, a affordance theory foi bem usada, as pistas foram bem planejadas e a experiência será bem sucedida. Pelo contrário, quando você não tem ideia do que fazer diante de um objeto ou plataforma, as pistas foram mal planejadas e o uso está comprometido.

Nesse vídeo, um experimento clássico chamado “Visual Cliff”, que demonstra como bebês reagem às pistas visuais que sugerem uma queda iminente. Uma plataforma é montada com uma base de aparência sólida de um lado e transparente de outro, simulando um abismo para o bebê. Mesmo sem consciência e vivência, o bebê só se move em direção à mãe quando ela está do lado aparentemente sólido da plataforma, evitando o falso abismo.

Entender as origens e fundamentos de questões centrais [como UX nesse caso] é imprescindível para sermos profissionais com mais consciência, clareza sobre aquilo que estamos fazendo.