Crescimento, a palavra que está no dicionário de toda e qualquer empresa que visa lucrar e se manter ativa no mercado. Se isso acontecer de forma acelerada, então, melhor ainda. É claro que, na prática, nem sempre é tão fácil. O LinkedIn, por exemplo, não era tão valioso até que milhões de pessoas se juntaram à rede. Outros grandes, como eBay, investiram em compradores e vendedores em escala. Empresas de pagamento como PayPal e marcas de comércio eletrônico como a Amazon têm margens baixas, por isso exigem volumes altos. O que todos esses gigantes têm em comum? Escalar mais rápido do que seus concorrentes e as vantagens da escala os levaram a uma posição de vencedor.
Mas, como acelerar o crescimento de um negócio e avançar de fases rapidamente? A resposta é o termo Blitzscaling, criado por Reid Hoffman, fundador do LinkedIn, que inclusive escreveu um livro sobre o assunto. O cerne do conceito é sobre ajudar empresas a priorizar os problemas que precisam resolver para crescer rapidamente, expandindo em alta velocidade sua presença em um mercado global.
Origem do termo: afinal, o que é Blitzcaling?
Hoffman concedeu uma entrevista para Tim Sullivan, da Harvard Business Review, sobre o termo e trouxemos aqui os principais insights. O dono da famosa rede social profissional destaca que Blitzscaling “é o que você faz quando precisa crescer muito rápido. É a ciência e a arte de construir rapidamente uma empresa para atender a um mercado grande e geralmente global, com o objetivo de se tornar a pioneira em escala.”
O termo está diretamente relacionado com a tática militar, usada na 2ª Guerra Mundial, que se traduziu do termo alemão blitzkrieg. Antes que a blitzkrieg surgisse como uma tática militar, os exércitos não avançavam além de suas linhas de suprimentos, o que limitava sua velocidade. A teoria da blitzkrieg era que, se você carregasse o necessário, poderia se mover mais rápido e surpreender seus inimigos.
O Blitzscaling adota uma perspectiva semelhante. Se uma startup determinar que precisa se mover rapidamente, assumirá muito mais riscos do que uma empresa que passa pelo processo normal de expansão. Isso é empreendedorismo puro. Esses tipos de empresas criam muitos empregos e indústrias do futuro. Por exemplo, a Amazon essencialmente inventou o comércio eletrônico. Hoje, tem mais de 150.000 funcionários. O Google tem mais de 60.000 funcionários e criou muito mais empregos em seus parceiros do AdWords e do AdSense.
Ainda não entendeu? Vamos a um exemplo bem óbvio e recente, sem falar de números: parece mentira que, para conseguir uma carona paga – um táxi – você precisava acenar ou assoviar no meio da rua. Atualmente, a realidade é outra: quem solicita é o passageiro por meio de um app. Depois disso, o caminho é feito pelo Waze, com serviços de marcas que vão de Uber a 99. É o mercado adentrando na nova velocidade. São os segmentos passando de fase. É o Blitzscaling.
Ou podemos falar até mesmo do próprio Paypal, que construiu rapidamente uma enorme base de usuários, dando à empresa poder de mercado suficiente para cobrar das marcas a aceitação de pagamentos via plataforma. Eles também persuadiram a maioria dos clientes a fazer esses pagamentos por meio de transferências bancárias diretas, com taxas muito mais baixas do que os cartões de crédito.
Mas é claro que assim como quaisquer ideias de crescimento em alta velocidade, o Blitzscaling também tem suas dificuldades e fraquezas. Sim, existem problemas de apostar nessa estratégia de crescimento. Se houve empresas como o Paypal que conseguiram esse crescimento exorbitante, há um cemitério de centenas ou milhares de empresas que nunca descobriram como conseguir. Essa é a parte de “riscos potencialmente desastrosos” da estratégia de Hoffman. Um forte argumento pode ser feito de que a Blitzscaling não é realmente uma receita para o sucesso, mas sim um viés de sobrevivência disfarçado de estratégia.
Não havia manual quando Hoffman criou a estratégia para dizer às empresas o que fazer. E ainda não há. O Blitzscaling pode ser muito ineficiente do ponto de vista gerencial – e consome muito capital rapidamente. É preciso estar disposto a enfrentar essas ineficiências para aumentar a escala.
Como colocar o Blitzscaling em prática?
Para que um negócio adote a Blitzscaling, na teoria, bastaria apenas começar a escalar a empresa. No entanto, nenhum negócio começa escalável. É preciso investir em estratégias e ideias de sucesso que o tornem escalável. Para saber mais, dê uma olhada em nosso blog post sobre POR QUE É TÃO DIFÍCIL ESCALAR UMA IDEIA?. Uma dessas estratégias é a de Hoffman, que promete ensinar técnicas que são “o caminho mais rápido para a construção de empresas altamente valiosas”, como as citadas anteriormente, e até mesmo igual a eBay, Airbnb, Facebook e tantas outras.
Mas para que o negócio seja escalável de forma rápida, como sugere o Blitzscaling, é preciso entender os cinco estágios de escala de uma empresa, conhecidos como Família, Tribo, Vila, Cidade e Nação. Em cada estágio, o modo como você enxerga as áreas e funções muda muito. Confira como o Blitscaling sugere lidar com cada etapa de evolução da empresa e suas prioridades:
Família, alicerce do negócio
Na escala familiar, é momento de levantar dinheiro e descobrir qual será o produto/serviço que será investido. A empresa desenvolverá o seu produto ao máximo, para que ele tenha uma proposta de valor clara e atenda a uma necessidade única do mercado. É importante estruturar o pequeno negócio, descobrir bons fornecedores e encontrar soluções simples para automatizar processos.
Tribo, criando a base para crescer
Na escala da tribo, você está apenas começando a ter uma empresa real. A fase indica que o produto/serviço deve estar bem definido. É hora de considerar investimentos para crescer, ajustar o item ao mercado e aumentar o time. Quanto mais agilidade, mais sua marca se destacará frente à concorrência e mais rápido conseguirá escalar.
Vila, preparando a base
É hora de escolher o momento para escalar – depende de oportunidades, capacidade de ver além, recursos e concorrência. O esforço com a rotina deve ser mínimo para que os gestores não se prendam a burocracias, mas sim para identificação, planejamento e execução do core business. Empresas Vila precisam pensar em soluções para simplificar processos internos e cuidar da gestão.
Cidade, a velocidade não pode parar
Para chegar até aqui, é provável que a empresa já tenha mais de um produto e uma fonte de receita. A ideia é garantir a eficiência da administração de recursos em larga escala, sem diminuir a velocidade. Talvez seja o momento de mudar a estratégia e voltar os esforços para a produtividade por meio de novos processos, dashboards e gestão.
Nação, ganhar o mundo em ritmo acelerado
Aqui, a empresa provavelmente está lidando com questões relativas a diferentes culturas, já que estará investindo em uma estratégia global. O maior desafio é comunicar as ideias a milhares de colaboradores e expandir o negócio – com mais de uma linha de produtos. O desafio é implementar processos eficientes de gestão de riscos.
E para finalizar, nada melhor do que as palavras de Hoffman: “Há poucas pequenas vitórias para o empreendedor; apenas as grandes apostas valem a pena. E, como em Las Vegas, apenas a casa sempre vence.”
Por mais que haja um valor gigante em ser generalista e entender um pouco de cada coisa, também há a necessidade de se aprofundar em um assunto e se especializar nele. Por isso fazemos questão de trazer uma trilha de aprendizagem focada nos mais diversos contextos em que estratégia pode ser aplicada. É hora de conhecer as particularidades e especificidades de cada forma de aplicar o pensamento estratégico em áreas fundamentais como startups, plataformas, marketing & brand, eventos, varejo, design de produto e por aí vai.
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