«As pessoas não compram este produto porque elas são toscas.»
É tentador rotular os outros, principalmente quando eles pensam diferente do que a gente gostaria.
O problema é que pessoas são mais complicadas que rótulos. E, se a gente reduz e simplifica pra tentar entender, muitas vezes essa redução tem o efeito contrário. A gente entra numa sala atrás de insights sobre o target e, em vez disso, sai cheio de esfinges no bolso. Imagens de pessoas que a gente não consegue decifrar e ainda por cima são super ameaçadoras.
Este TED é uma tentativa de destreinar nossa cabecinha rotuladora. Um professor de sociologia faz um experimento radical: tenta convencer uma plateia de americanos a entender um rebelde iraquiano.
Ele brinca com perspectivas: vai fazendo a gente enxergar a mesma situação, a partir da cabeça de personagens diferentes. Pede pra eles se imaginarem ainda como americanos, mas numa hipótese em que os EUA fossem um país oprimido. Faz eles sentirem a dor de serem americanos oprimidos. Em seguida, ele mantém o elemento opressão, e troca a nacionalidade: e se eles fossem o muçulmano oprimido no Iraque? Em vez da foto do homem bomba, a foto do homem de família.
Vai ficando difícil enxergar esse cara como terrorista. Vai ficando mais fácil enxergar esse cara como uma pessoa, quase um conhecido nosso, quase alguém que a gente cumprimenta na padaria de manhã. E nessa hora, vai ficando mais fácil entender as decisões que eles tomam.
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Ainda no tema guerra e empatia, isso nos lembra um vídeo bem curtinho de uma ex-agente da CIA. Ela também expõe as visões que os dois lados de uma guerra têm sobre o inimigo, e chega à seguinte conclusão: todo mundo se acha o mocinho. E, dessa posição, qualquer negociação fica impossível.
Do mesmo jeito, por trás de todas as pessoas toscas no mundo tem alguma interessância ou esquisitice. Pode ser mais fácil rotular, mas é também menos efetivo.
O único jeito de desarmar seu inimigo é escutando seu inimigo.
Toda esse papo de empatia não é sobre concordar com o outro lado, mas sobre entender. Ver as coisas da perspectiva do outro pra poder desatar um nó. Afinal, você não pode resolver um problema que você não entende né?