Vivemos dizendo por aqui, na Sandbox e onde podemos que estratégia é sobre duas palavras: efetividade e escolhas. Efetividade como o motivo, a razão pelo qual se aplica o pensamento estratégico. E escolhas como o modus operandi, como a única forma de lidar com o dilema econômico entre infinitas necessidades e recursos limitados. Ou você coloca um pouquinho do seu recurso em cada necessidade e não faz nada direito ou você faz uma escolha central da melhor forma de vencer um jogo e coloca a maior parte da sua energia ali.
E é exatamente aqui que a coisa aperta. Porque, sinceramente, não é fácil para ninguém fazer esse tipo de escolha. Porque elas pressupõe uma renúncia, aquilo que conscientemente escolhe-se deixar de lado. E aí, como faz?
Pelo menos em termos de desenvolvimento de produto, essa é a pergunta que a turma do Radical Product tenta responder, com um framework simples, em quatro etapas. Tem até um toolkit gratuito no site que você pode usar.
Sempre importante dizer: frameworks não salvam o mundo, não se aplicam a qualquer situação, mas podem nos dar uma luz para sistematizar um pouco nossa maneira de pensar no meio do caos. Feito o disclaimer “use com moderação”, vamos lá:
1. Tenha uma visão para o produto
Quando se desenvolve um produto, é normal ir tentando melhorar tudo o que você sente que não está funcionando, seja por demanda de outras áreas ou do cliente final. E na hora de decidir fazer A ou B, algo precisa te guiar. O que eles sugerem é que esse norte na bússola seja a “visão” do produto, ou seja, aquilo para o que ele foi criado para ser.
A ideia é que em um parágrafo conciso, consiga-se articular o mercado, os pain points dos clientes e como o produto é capaz de lidar com tudo isso.
2. Da visão à estratégia de produto
Com um norte bem claro, já é possível começar a pensar nas ideias concretas de inovação no produto. Mas é bom que se faça isso de maneira um pouco mais organizada do que uma listona de possibilidades. Então, a sugestão aqui é que se faça um olhar para 4 dimensões que costumam ser importantes no desenvolvimento e que dão uma noção mais clara das escolhas que estamos fazendo para vencer o jogo.
Elas organizam os principais pain points dos clientes, as questões gerais de design, a própria capacidade da empresa realizar a inovação e a maneira pela qual isso vai ser disponibilizada no mercado.
3. Priorizando a estratégia, alinhada à visão
É chegada a hora de priorizar. E quem aí não adora uma matriz para ajudar nisso, né? Bom, os eixos aqui é que são a coisa mais importante, porque ajudam a determinar dois critérios fundamentais. O que eles chamam de “vision fit” e “sustentabilidade”.
Em primeiro lugar, é a avaliação do quanto se julga que a inovação contribui para a construção da visão determinada para o produto em primeiro lugar. De outro lado, o quanto esse novo feature sobrevive a uma análise de todos os riscos envolvidos, sejam eles tecnológicos, regulatórios, financeiros etc.
Quanto mais alinhado à visão e mais sustentável, mais alta é a prioridade.
Eles tem um quarto passo sobre criar um roadmap e um quinto sobre mensurar. Mas, sinceramente, valem menos à pena. O roadmap não traz nada de novo em si além de uma timeline e a proposta de mensuração é beeem fraquinha ao nosso ver.
O que é legal aqui são os exemplos de critérios e dimensões levantadas nesses três steps, que podem realmente ajudar e dão uma noção sobre o tipo de construção mental que é preciso ser feita para se priorizar não só produtos, mas qualquer questão que envolva estratégia.