Sim, está aberta a temporada de tendências para 2020. É aquela época do ano que brotam matérias e reports de todo lado sobre o que vai ser importante no ano que vai entrar. E é nosso papel aqui ficar de olho no que pinta de mais legal para trazer para vocês.
E saiu agorinha um report da Deloite que nos pareceu bem completo e com pontos relevantes, que de fato temos que ficar de olho.
A partir de conversas com 80 experts ao redor do mundo, eles chegaram a 7 grandes questões que, segundo eles, vão fazer diferença não só no próximo ano como provavelmente em 2021. Nós aqui achamos que algumas delas vão até além disso, mas não vamos esticar a corda da futurologia também.
Vamos abordar as 5 delas que falam mais diretamente sobre o ponto de vista do consumidor e não das estruturas internas dos departamentos de marketing. Vamos a elas:
1. PROPÓSITO É TUDO
Ao mesmo tempo que é verdade que estamos cansados de escutar a importância das marcas terem um propósito bem estabelecido, é verdade também que poucas marcas fazem isso bem feito. Como eles mesmos apontam, acabou virando um buzzword corporativo, umas frases de efeito que escrevem depois de um workshop de 1000 horas, mas que na prática não faz muita diferença, nem para os executivos e muito menos para os consumidores.
Mas há pelos menos três motivos para se preocupar pra valer com isso. O primeiro é porque é um diferencial concreto para as marcas. Pesquisas indicam que depois de preço e qualidade, questões relacionadas a propósito fazem muita diferença na preferência e na escolha das pessoas. Segundo porque o propósito ajuda a criar conexões e significados reais com as pessoas, aumentando potencialmente sua lealdade à marca. E, finalmente, é um guia e um norte do que fazer e do que não fazer nas atividades de marketing do dia a dia.
2. A IMPORTÂNCIA DAS EXPERIÊNCIAS… ANALÓGICAS
Esse é um ponto bem interessante. A ideia é que cada vez mais se promove experiências virtuais e que o digital e a tecnologia vão resolver cada vez mais a vida das pessoas e proporcionar quase tudo o que elas precisam de um produto, serviço ou marca. Quase. Porque, no fim das contas, o que isso acaba provocando em muita gente é uma introspecção, um isolamento social e a falta de contato humano.
Claro que não para todo mundo e não em uma proporção enorme muitas vezes. Mas o fato é que nesse contexto há muita oportunidade para as marcas preencherem esse gap de experiências mais humanas. As dicas ali no report são desenhar experiências com mais empatia por parte dos executivos e entregar isso de forma mais humana para as pessoas.
3. “FUSION” COMO OPORTUNIDADE DE CRIAR VALOR
Outro ponto legal é sobre essa ideia de “fusion”, que significa as empresas se misturando com outros segmentos, outras tecnologias, outras marcas. Antes era mais normal vermos mais a ideia de cobranding, como uma marca de whisky fazer uma edição para uma série de TV. Mas hoje é cada vez mais comum vermos coisas como um aplicativo de transporte passar a fazer entregas, uma marca de tecnologia lançar um cartão de crédito ou uma rede social criar uma criptomoeda.
E a verdade é que além de ser inovador e isso ter lá sua importância em si, isso cria muito valor concreto para os consumidores, em termos de entrega, conveniência ou mesmo preço. Quando o Lyft se junta com a Old Navy e dá um desconto para as pessoas que compram online mas querem ir retirar na loja, isso é um valor muito concreto. Quando a marca de petcare Kinship se une com a marca de wearables Whistle, isso gera um ecossistema de dados que melhora a qualidade do cuidado com cães, gatos e afins.
Pensar em sair do seu próprio quadrado e se misturar é cada vez mais uma possibilidade pelo avanço tecnológico e diminuição de barreira de entrada em alguns setores. Mas é cada vez também uma necessidade para quem quer criar mais valor para as pessoas.
4. CONFIANÇA EM TEMPOS DE BIG DATA
Esse é um assunto pra lá de espinhoso. Por um lado, temos acesso a uma infinidade de dados e isso gera insights poderosos sobre como devemos conduzir nossos negócios. Por outro, a maneira como lidamos com esses dados pode gerar uma série de problemas éticos, legais até.
Claro que isso tem um impacto regulatório muito forte, questões de governança, compliance etc. Mas pensando de um lado mais soft, isso cria um forte abalo na confiança que as pessoas têm nas marcas. Cada vez mais as pessoas comuns estão entendendo o valor dos seus dados, as invasões de privacidade que elas sofrem e isso faz elas olharem cada vez mais torto não só para as plataformas digitais em si, mas para as próprias marcas lá dentro.
Cuidar de questões de privacidade, transparência, viés dos algoritmos etc. não vai ser uma questão do departamento jurídico, mas sim do marketing e como vai se posicionar frente a seus consumidores, para preservar a confiança deles nas suas marcas.
5. AUMENTANDO A PARTICIPAÇÃO
Uma outra possibilidade que as empresas têm hoje é que está cada vez mais possível envolver as pessoas e trazê-las praticamente para dentro das suas marcas. E isso não tem nada a ver com a onda que rolou na década passada de trazer o consumidor para estrelar uma campanha ou coisas do gênero. Esse é um uso bastante superficial das possibilidades de participação que podemos oferecer hoje em dia.
Formatos como o crowdsourcing, por exemplo, criam um senso de união em torno de algo que toda a comunidade deseja e isso tem um potencial enorme de engajamento. Assim como ideias de co-criação, que trazem as pessoas para participarem do processo de desenvolvimento de novos produtos e serviços [e não só na hora do pré-teste]. Já existem até plataformas que fazem isso, como a Mindsumo. A Ferrero, por exemplo, usou a plataforma perguntando para as pessoas como deveria ser a embalagem de natal ou dia dos namorados do seu principal chocolate. Outro formato interessante e cada vez mais possível é a customização, que permite que a pessoa se sinta parte única de uma marca e tenha a sua versão dela de alguma forma.
No fundo, todas as tendências de alguma forma estão ligadas ao grande impacto da tecnologia nas nossas vidas e como isso precisa mudar a maneira como conduzimos nossas marcas e nos relacionamos com as pessoas. 2020 está aí pra isso.