Em um cenário empresarial em constante evolução, a formulação de estratégias brilhantes é apenas o primeiro passo em direção ao sucesso organizacional. A verdadeira prova de fogo reside na habilidade de transformar essas estratégias em execução eficaz e resultados tangíveis. A estratégia sem uma implementação eficaz é como um mapa sem um navegador; é inútil se não levar a ações concretas e resultados mensuráveis.
Nos últimos anos, inúmeras organizações têm se esforçado para entender o segredo por trás da execução de estratégias bem-sucedidas. Como professores e profissionais da estratégia, somos desafiados a navegar por um vasto oceano de teorias, modelos e abordagens para alcançar o Santo Graal da execução estratégica. Felizmente, dispomos de uma riqueza de informações provenientes de renomadas fontes acadêmicas e consultorias empresariais.
Neste artigo, exploraremos uma variedade de perspectivas e lições valiosas de especialistas em gestão estratégica. Utilizaremos como base diversas fontes de referência, incluindo artigos da Harvard Business Review (HBR), estudos de consultorias experientes e pesquisas de longo prazo, para traçar um caminho claro para transformar estratégia em ação bem-sucedida.
Vamos descobrir como as melhores práticas, insights e experiências de mercado podem ser aplicados para garantir que as estratégias traçadas nos quadros de planejamento se tornem realidade, impulsionando o crescimento e a sustentabilidade das organizações. A execução de estratégias eficaz é o elo que liga a visão à realidade, e é nessa interseção que encontramos o verdadeiro potencial de uma empresa.
Portanto, convidamos você a explorar este artigo, que servirá como um guia prático para transformar a sua visão estratégica em ações concretas e resultados tangíveis. Afinal, a estratégia é o que você planeja, mas a execução é o que você consegue realizar.
Entendendo o problema da execução
Uma pesquisa conduzida pela Bridges oferece uma visão abrangente sobre a implementação de estratégias nas organizações. Ao longo das últimas duas décadas, essa pesquisa revelou insights valiosos sobre como as empresas abordam e enfrentam os desafios da implementação de estratégias.
Para começar, em 2004, a pesquisa apresentou um número surpreendente: 90% das implementações de estratégias falhavam. Esse cenário inicial indicava uma lacuna significativa na execução de estratégias nas organizações. No entanto, à medida que a pesquisa progrediu, observamos melhorias notáveis.
Em 2020, os resultados mostraram uma melhoria significativa, com 52% das organizações relatando sucesso na implementação de suas estratégias. Essa mudança é animadora, e reflete uma transformação notável na abordagem das empresas em relação à implementação de estratégias.
A pesquisa também identificou os principais desafios que as organizações enfrentam na implementação de suas estratégias. Inicialmente, em 2004, descobrimos que 48% das falhas na implementação ocorriam devido à subestimação dos desafios pelos líderes. Esse dado destaca a importância de avaliar e enfrentar esses desafios com a devida seriedade.
Em 2020, os principais desafios foram identificados como falta de liderança (6,67%), má comunicação (7,91%) e falta de clareza nas ações a serem tomadas (7,80%). Esses números demonstram que, embora tenham ocorrido melhorias, ainda existem obstáculos consideráveis a serem superados.
Um ponto crítico na implementação de estratégias é a revisão e o acompanhamento regulares. A pesquisa revelou que apenas 20% dos líderes revisam a implementação da estratégia mensalmente. A grande maioria, cerca de 80%, gasta menos de 20 horas por mês discutindo a implementação da estratégia em suas organizações. Esses números enfatizam a necessidade de uma maior dedicação à revisão da implementação.
Uma reviravolta interessante foi observada em 2020: pela primeira vez, a implementação foi percebida como mais importante do que a própria estratégia em 34% das organizações, enquanto a estratégia foi considerada mais importante em 27% das organizações. Para 39% das organizações, ambos foram considerados igualmente importantes. Esse dado destaca a crescente valorização da execução da estratégia.
Uma descoberta positiva foi que, em 2020, 80% dos respondentes sentiram que seu chefe imediato reconheceu seus esforços na implementação da estratégia. Isso ressalta a importância de reconhecer e recompensar os esforços dos funcionários ao longo do processo de implementação.
No entanto, a pesquisa também trouxe à tona uma preocupação crítica: apenas 28% das organizações têm um sistema de medição eficaz para rastrear a implementação da estratégia. Como frequentemente se diz, o que não é medido não pode ser melhorado. Esses números enfatizam a necessidade de implementar medidas eficazes para rastrear o progresso na implementação da estratégia.
A pesquisa revelou que apenas 7% dos respondentes acreditam que suas organizações são excelentes na implementação de estratégias. Essa estatística destaca uma oportunidade significativa para as organizações se diferenciarem e buscarem a excelência na execução.
Os elementos para uma execução eficiente
Para compreender a essência de transformar estratégia em execução bem-sucedida, é fundamental começar pelo entendimento dos princípios fundamentais que sustentam a gestão estratégica. A estratégia é o roteiro que guia uma organização em direção aos seus objetivos de longo prazo. Ela envolve a definição de metas claras, a alocação de recursos, a escolha de direções específicas e a formulação de planos detalhados. No entanto, a estratégia vai além de simplesmente definir metas; ela se concentra na identificação das vantagens competitivas que permitirão que a organização se destaque em seu mercado.
Além disso, podemos entender estratégia como o processo de tomar decisões que direcionam a organização e a colocam em uma posição vantajosa em relação à concorrência. No entanto, ter uma estratégia sólida é apenas o ponto de partida. A verdadeira medida do sucesso está na capacidade de traduzir essa estratégia em ações efetivas e resultados tangíveis. A execução estratégica é o elo crítico entre a definição da estratégia e a obtenção de resultados. É a fase em que os planos teóricos se tornam ações concretas. Sem uma execução eficaz, uma estratégia brilhante permanece no papel e não contribui para o crescimento e a sustentabilidade da organização.
A transição da estratégia para a execução é uma etapa crucial e, muitas vezes, complexa. É aqui que muitas organizações enfrentam desafios, pois a implementação da estratégia envolve uma série de decisões, processos e ações que afetam toda a organização. Essa transição enfrenta inúmeros desafios que podem comprometer a implementação bem-sucedida de estratégias de crescimento. Segundo a Gatner, as cinco questões principais a serem consideradas durante esse processo incluem:
Formulação da Estratégia: Verificar se a estratégia pode ser executada. Muitas vezes, as estratégias falham devido a pressupostos errôneos. Cerca de 83% das estratégias malsucedidas se devem a pressupostos defeituosos. Para evitar esse problema, é crucial testar os pressupostos relacionados à executabilidade da estratégia durante sua formulação. Isso requer mecanismos para identificar e desafiar pressupostos estratégicos, a fim de evitar surpresas indesejadas durante a execução. A falta de clareza leva a problemas inesperados que podem interromper a implementação.
Planejamento da Execução: Estabelecer expectativas para aqueles encarregados de executar a estratégia. A falta de alinhamento entre as funções-chave e as estratégias corporativas é um desafio comum. Grandes organizações muitas vezes realizam planejamento estratégico que pode custar milhões de dólares e centenas de horas de trabalho, mas os objetivos estratégicos frequentemente são pouco claros ou mal alinhados. Para garantir a execução bem-sucedida, é essencial alinhar verticalmente entre o centro corporativo e as unidades de negócios e horizontalmente entre unidades de negócios e funções. Isso envolve a clareza na definição de objetivos e funções daqueles encarregados da execução.
Gerenciamento de Desempenho: Atribuir responsabilidade pelas ações-chave. Antes de iniciar a execução, é importante garantir que todos os tomadores de decisão e partes interessadas concordem com o plano estratégico. Pesquisas da Harvard Business Review mostram que 71% dos funcionários em empresas com execução fraca acreditam que as decisões estratégicas são questionadas, em comparação com 45% dos funcionários de empresas com execução forte. O compromisso com um plano estratégico antes da implementação garante que todos os tomadores de decisão e suas equipes estejam alinhados com os mesmos objetivos, criando uma compreensão compartilhada do plano estratégico em toda a organização. Muitas organizações acreditam que seus sistemas de gerenciamento de desempenho são inadequados para monitorar o sucesso da estratégia. As condições de mercado podem mudar entre os ciclos de planejamento estratégico, invalidando pressupostos e planos estratégicos. Para uma correção oportuna de curso, é importante implementar sistemas de gerenciamento de desempenho que responsabilizem os funcionários pelos principais objetivos. Revisões frequentes podem determinar se o desempenho insatisfatório se deve a uma avaliação de mercado inadequada, estratégia errada ou execução deficiente.
Comunicação da Estratégia: Construir apoio entre aqueles que a executarão. A falta de entendimento dos funcionários sobre seu papel em novas iniciativas de crescimento é comum e pode reduzir o comprometimento e a motivação para agir. Uma comunicação eficaz é essencial para criar uma compreensão sólida e um compromisso organizacional. Estabelecer um diálogo bidirecional sobre a estratégia ajuda a garantir o comprometimento e a coesão. A falta de um plano de comunicação eficaz pode resultar em uma queda na motivação dos funcionários e na resistência à mudança.
Capacidade Organizacional: Dar aos gerentes a capacidade de executar. A alocação inadequada de recursos, como ativos, tempo e pessoal, para a implementação de novas estratégias de crescimento pode ser um obstáculo significativo. Algumas organizações se concentram demais na criação da estratégia e no planejamento, negligenciando a alocação de recursos necessários para a execução. É fundamental identificar onde a organização está perdendo a capacidade de executar devido a uma coordenação deficiente, o que reduz a capacidade total da empresa. Para superar esse obstáculo, é possível realizar diagnósticos para avaliar a capacidade organizacional antes de lançar novos esforços de crescimento, usar ferramentas para esclarecer os compromissos dos gerentes intermediários em relação aos recursos e criar estruturas de suporte para integrar projetos de crescimento às operações existentes.
Em resumo, a transição da estratégia para a execução é uma fase crítica para o sucesso de qualquer organização. Superar os desafios de formulação de estratégia, planejamento de execução, gerenciamento de desempenho, comunicação da estratégia e capacidade organizacional é essencial para garantir que as estratégias de crescimento sejam implementadas com êxito. Compreender e abordar esses obstáculos desde o início é crucial para alcançar os resultados desejados.
Criando um sistema de implementação
Um bom programa de transformação de estratégia em execução, de acordo com a Harvard Business Review, envolve a integração de quatro elementos essenciais: direitos de decisão, informação, estrutura e motivadores. Esses elementos são interconectados, e a falta de clareza em qualquer um deles pode afetar negativamente a execução da estratégia. Aqui está como um programa eficaz de transformação pode ser desenvolvido:
Identificar fontes de problemas: O primeiro passo é identificar as áreas em que a organização enfrenta desafios na execução da estratégia. Isso pode ser feito por meio de uma pesquisa que envolva os funcionários da empresa. Quanto mais pessoas participarem da pesquisa, melhor será a compreensão dos problemas.
Escolher ações estratégicas: Com base nos resultados da pesquisa, os executivos podem identificar áreas-chave que precisam de melhoria. A Harvard Business Review apresenta 15 possíveis ações que podem ser tomadas para fortalecer a execução da estratégia. No entanto, é importante não sobrecarregar a organização com muitas iniciativas. A maioria das empresas não tem a capacidade de lidar com mais do que cinco ou seis ações ao mesmo tempo.
Abordar os bloqueios: Inicialmente, o foco deve ser em abordar problemas relacionados aos direitos de decisão e fluxo de informações. Isso envolve a clarificação e otimização das decisões e a promoção da livre circulação de informações entre departamentos e níveis hierárquicos.
Desenhar mudanças em motivadores e estrutura: Uma vez que os bloqueios iniciais sejam abordados, é hora de projetar as mudanças necessárias nos motivadores e na estrutura da organização para apoiar a nova abordagem. Isso pode incluir a criação de incentivos adequados para promover a colaboração entre unidades, o redesenho de comitês duplicados e o aprimoramento das trajetórias de carreira dos gerentes intermediários.
Utilizar ferramentas de simulação: Para ajudar na construção de um programa de transformação de alto impacto, a Harvard Business Review desenvolveu uma ferramenta de simulação organizacional. Essa ferramenta permite às empresas testar virtualmente diferentes elementos do programa de mudanças para entender quais terão o maior impacto em suas áreas de fraqueza específicas.
Em conclusão, a execução eficaz de estratégias é o elemento-chave que transforma visões ambiciosas em realidade nas organizações. Embora tenhamos observado melhorias notáveis na taxa de sucesso da implementação de estratégias ao longo dos anos, ainda existem desafios significativos a serem superados, incluindo falta de liderança, má comunicação e falta de clareza nas ações a serem tomadas. No entanto, ao abordar esses desafios e adotar um sistema de implementação eficaz que integra direitos de decisão, informação, estrutura e motivadores, as organizações podem alcançar um sucesso consistente na execução de suas estratégias.
Este artigo serve como um guia prático para ajudar as empresas a alcançar resultados tangíveis, alinhando efetivamente seus planos estratégicos com a ação real, impulsionando o crescimento e a sustentabilidade. Lembre-se, a estratégia é o que você planeja, mas a execução é o que você consegue realizar.